quarta-feira, 3 de junho de 2009

Credibilidade e Sensacionalismo na Imprensa - Em foco o Jornal Daqui


O processo de credibilidade no jornalismo impresso, construído a partir do texto jornalístico


Igor Costa
Nelson Felix

Credibilidade: de acordo com os dicionários é “a característica de quem ou do que é crível; confiabilidade”. Ao analisar um meio de comunicação (jornal, revista, televisão, Internet, etc.) pode ser definida a partir da aceitação deste por um grupo de pessoas que dão crédito a ele para sua circulação e/ou transmissão.


Para o jornalista Vinicius Jorge Sassine, existe uma discussão sobre a credibilidade de um meio que gira em torno de jornais com textos curtos, com foco em leitores que não tem tempo para ler o veículo, e de outro lado um texto mais aprofundado, analítico e interpretativo.

Sassine aposta no aprofundamento e na especialização das “grandes reportagens” no jornal. Ele destaca que no impresso é feito o aproveitamento e o aprofundamento do conteúdo de outras mídias a fim de que o leitor possa ler e interpretar de acordo com sua realidade, construindo e mantendo por muito tempo uma credibilidade entre empresa, fonte, jornalista e leitor.


As discussões sobre credibilidade dos meios de comunicação no Brasil, de acordo com Venício A. de Lima, - pesquisador do Núcleo de Estudos sobre mídia e política - estão emergindo ao se analisar a crise política de 2005 e foram intensificadas durante as eleições de 2006, além de outros acontecimentos que causam a polêmica.


Citando como exemplo o jornal Daqui, veículo de grande vendagem no estado de Goiás, - de distribuição regional - que surge a partir de uma pesquisa qualitativa realizada pela Organização Jaime Câmara (OJC) sobre o tipo de jornal desejado pelo público das classes C e D.


De acordo com Luciano Martins, editor-chefe do Daqui, a pesquisa revelou que os leitores queriam um jornal em formato tablóide, com letras maiores e textos menores.
Além disso, Luciano afirma ainda que a pesquisa mostrava que o público esperava um jornal voltado para o entretenimento, com notícias esportivas, e sem esquecer das matérias policiais. Tudo isso aliado ao preço mais acessível. “Dessa maneira criamos o Jornal Daqui, visando atender às ‘necessidades’ desse público percebidas na pesquisa”, acrescenta.


Mas esse tipo de veículo, que mostra especificamente “o que o público quer” transmite confiabilidade aos seus leitores? E como é construída essa relação de confiança entre o leitor e o meio de comunicação?


Rôse Andréia dos Santos Nogueira, em seu trabalho de conclusão de curso apresentado na Faculdade Sul-Americana (Fasam) com o título “O Retrato da cidade de Goiânia pelas páginas do Jornal Daqui”, explica que o leitor, em busca do entretenimento e algo que o faça esquecer de sua realidade participa do processo de construção do sensacionalismo.

Ainda segundo ela, os meios de comunicação, conhecedores desse comportamento do público, utilizam-se de matérias apelativas que provocam emoções, sejam de alegrias ou de raiva. O jornal sensacionalista apela para o grotesco e o exagero.


Antônio Sebastião Silva, formado em jornalismo e professor da Fasam considera que a credibilidade de um veículo de comunicação é construída a partir do próprio público. De acordo com ele, não há uma medida que aponte um jornal mais confiável do que outro a não ser o próprio leitor. “É o leitor que dá créditos (audiência) ao veículo de comunicação, pois a imprensa depende do público”, destaca.


Polêmica


Para os leitores do Daqui o assunto gera polêmica. Luciene Rodrigues Marinho, analista de crédito e leitora assídua do jornal, considera que este tem credibilidade devido ao fato de que os fatos noticiados no jornal são também abordados em outros meios. “Isso fez com que o Daqui conquistasse a confiança do leitor”, afirma.


No entanto, há quem discorde dessa teoria. Danyelle Montenegro de Oliveira, estudante, considera que o Daqui não demonstra credibilidade ao leitor. “O jornal trabalha com muitas notícias sem apuração e com temas muito violentos de forma sensacionalista. Isso não gera conhecimento”, critica.


Outro aspecto relevante abordado foi a questão das premiações que o jornal oferece aos compradores do jornal. De um ponto de vista crítico, a premiação estabelece uma fórmula condicional, ou seja, se o leitor comprar o jornal ele será premiado. Esta seria uma alternativa criada pela empresa para estimular a leitura de jornal. Entretanto, “as premiações são o destaque do jornal e é o que mais atrai as pessoas a comprarem-no”, censura Jaquelinne dos Santos Mariano, estudante.


Não se pode questionar, porém, que este veículo de comunicação fundamenta-se por meio da sua própria trajetória, conseqüentemente estabelece credibilidade, mas essa confiança não é inalterável. É dever do leitor impor limites ao tipo de conteúdo abordado, afinal de contas, o jornal é uma “empresa” e a informação é o seu produto, é portanto, responsabilidade do leitor exigir melhor qualidade neste produto.

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